ATA DA OITAVA SESSÃO SOLENE
DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM
13-5-2003.
Aos treze dias do mês de
maio de dois mil e três, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e seis
minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Baltezan Ferreira, nos
termos do Projeto de Lei do Legislativo n° 215/02 (Processo n° 3367/02), de
autoria do Vereador Elói Guimarães. Compuseram a MESA: o Vereador Elói
Guimarães, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, presidindo
os trabalhos; o Deputado Estadual Paulo Azeredo, representante da Assembléia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Otomar Vivian, Presidente
do Instituto de Previdência do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Jorge Pereira
Abdala, Prefeito Municipal de Caçapava do Sul – RS; o Senhor João Carlos
Fagundes Machado, Prefeito Municipal de Camaquã – RS; o Senhor Altieres Terra
de Carvalho, Prefeito Municipal de Santa Vitória do Palmar – RS; o Major Roberto
Apratto Maciel, representante do 5° Comando Aéreo Regional - COMAR; o Capitão
Vanderlei Souza dos Santos, representante do 5º Distrito Naval; o Senhor João
Jacob Bettoni, Gerente Regional da Agência Nacional de Telecomunicações -
ANATEL; o Senhor Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários
de Porto Alegre; o Senhor João Baltezan Ferreira, Homenageado; o Vereador
Reginaldo Pujol, na ocasião, Secretário “ad hoc”. Também, foram registradas as
presenças da Senhora Odaléa Mendonça, esposa do Homenageado, das Senhoras
Luciane Mendonça Ferreira, Fabiane Mendonça Ferreira e Letícia Mendonça
Ferreira, filhas do Homenageado, de Bibiane Ferreira Tarrasconi e Bernardo
Ferreira Brochard, netos do Homenageado e, como extensão da Mesa, foi registrada a presença do
Desembargador Cacildo Xavier, ex-Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do
Rio Grande do Sul. A seguir, o Vereador Elói Guimarães, presidindo os
trabalhos, convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e
solicitou ao Vereador Reginaldo Pujol que assumisse a direção dos trabalhos.
Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em
nome da Casa. O Vereador Elói Guimarães, em nome das Bancadas do PTB, PT, PMDB,
PSDB e PSB, saudando os presentes, discorreu a respeito da biografia do Senhor
João Baltezan Ferreira e sobre as razões que levaram Sua Excelência a propor a
presente honraria ao Homenageado. Ainda, destacou os empreendimentos e ações
lideradas pelo Senhor João Baltezan Ferreira na área da radiodifusão,
especialmente no interior do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, o Vereador
Reginaldo Pujol solicitou ao Vereador Elói Guimarães que assumisse a direção
dos trabalhos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores
Vereadores. O Vereador Pedro Américo Leal, em nome da Bancada do PP,
cumprimentando o Vereador Elói Guimarães pela iniciativa da proposição que
concede o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Baltezan
Ferreira, ressaltou dados biográficos e trajetória profissional de Sua Senhoria
no desenvolvimento de seus empreendimentos na área do jornalismo e da
radiodifusão. O Vereador Reginaldo Pujol, em nome da Bancada do PFL, apresentou
considerações sobre a vida pessoal e profissional do Senhor João Baltezan Ferreira,
destacando a atuação de Sua Senhoria como radialista e salientando que a proposta
de concessão do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Homenageado foi
aprovada nesta Casa por unanimidade. O Vereador Isaac Ainhorn, em nome das
Bancadas do PDT e do PPS, cumprimentou o Senhor João Baltezan Ferreira pelo recebimento
do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, destacando a justeza da
homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre a Sua Senhoria e
elogiando o espírito empreendedor manifestado pelo Homenageado no desempenho de
suas atividades profissionais. Após, o Senhor Presidente convidou o
Desembargador Cacildo Xavier e os familiares do Senhor João Baltezan Ferreira a
procederem à entrega do Diploma e da Medalha alusivos ao Título Honorífico de
Cidadão de Porto Alegre ao Homenageado, concedendo a palavra a Sua Senhoria,
que agradeceu o Título recebido. A seguir, o Senhor Presidente convidou os
presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense e, nada mais
havendo a tratar, agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os
trabalhos às dezessete horas, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Elói Guimarães e Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Reginaldo
Pujol, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Reginaldo Pujol, Secretário “ad
hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos
e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Neste momento, daremos início à presente Sessão
Solene de outorga do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. João
Baltezan Ferreira, proposição deste Vereador que ora preside os trabalhos. A
composição da Mesa está assim constituída: Ex.mo Sr. Deputado Paulo
Azeredo, representante da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul; Ex.mo
Sr. Deputado Otomar Vivian, Presidente do Instituto de Previdência do Estado do
Rio Grande do Sul - IPE; Ex.mo Sr. Jorge Pereira Abdala, Prefeito
Municipal de Caçapava do Sul – terra do homenageado –; Ex.mo Sr. Dr.
João Carlos Fagundes Machado, Prefeito Municipal de Camaquã; Ex.mo
Sr. Dr. Altieres Terra de Carvalho, Prefeito Municipal de Santa Vitória do
Palmar; Ex.mo Sr. Major Roberto Apratto Maciel, representante do 5.º
Comando Aéreo Regional; Ex.mo Sr. Capitão Vanderlei Souza dos
Santos, representante do 5.º Distrito Naval; Ex.mo Sr. Dr. João
Jacob Bettoni, Gerente Regional da ANATEL; Ex.mo Sr. Dr. Geraldo
Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre. Também
aqui presentes muitas lideranças das regiões dos Municípios mencionados. Também
presente a esposa do homenageado, Sr.ª Odaléa Mendonça; as filhas Luciane
Mendonça Ferreira, Fabiane Mendonça Ferreira, Leticie Mendonça Ferreira; e netos
Bibiane Ferreira Tarrasconi e Bernardo Ferreira Brochard; também está presente
o genro do homenageado. Como extensão da Mesa a presença do eminente
Desembargador e ex-Presidente do Tribunal de Justiça, Dr. Cacildo Xavier;
também aqui as rádios dos Municípios: a Rádio Camaqüense, a Rádio Caçapava, a
Rádio Cultura de Santa Vitória do Palmar, a Rádio Cultura de Jaguarão, pelos
seus Diretores. Neste momento está sendo transmitida esta solenidade para os
referidos Municípios, onde as rádios estão sediadas, cuja liderança pertence ao
homenageado. Também Vereadores aqui presentes, Vice-Prefeitos, enfim,
lideranças de toda a região. Portanto, sintam-se como se em casa estivessem;
esta é a Casa do Povo de Porto Alegre, é a nossa Casa. Nós, portanto, saudamos
todos, e se alguma menção não foi feita, queremo-nos penitenciar. O Ver. Pedro
Américo Leal, a Ver.ª Margarete Moraes, o Ver. Reginaldo Pujol e funcionários.
Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos
o Hino Nacional.
(Ouve-se o Hino Nacional.)
Registramos a presença do Ver. Sebastião Melo.
Convido a presidir os trabalhos, enquanto este Presidente faz a sua
manifestação, o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Ver.
Reginaldo Pujol.
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): É com muita
honra e satisfação que assumo, temporariamente, a condução dos trabalhos desta
Sessão Solene que outorga o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr.
João Baltezan Ferreira, meu particular amigo, o que me emociona e me honra.
O Ver. Elói Guimarães, proponente desta Sessão
Solene, está com a palavra para falar em nome do seu Partido, o PTB, e também
pelo PT, PMDB, PSDB e PSB.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Vejo, aqui, o Ver. Isaac Ainhorn, que
não tinha sido mencionado.
Meu
amigo João Baltezan Ferreira, por quem sempre tive admiração, me perguntava uma
das emissoras o porquê do Título, e me vinha à mente, por todos os fatores, a
figura de Ortega y Gasset: “O homem existe no contexto das suas relações e das
suas circunstâncias.”
Então, hoje, estamos num grande momento para a
Cidade e para a Casa do Povo de Porto Alegre, eu até diria que esta é uma
Sessão muito importante, histórica e até mesmo inédita, porque estamos celebrando
este ato sob a transmissão de quatro emissoras importantes do nosso interior do
Estado: a Rádio de Caçapava, terra do homenageado, a Rádio Camaqüense, a Rádio
Cultura de Santa Vitória do Palmar e a Rádio Cultura de Jaguarão. Eu quero
cumprimentar essas comunidades do nosso interior, esses Municípios que, neste
momento, muitos e muitos nos assistem, nos ouvem, não só dos Municípios, mas de
toda a abrangência que essas rádios têm pelo nosso interior. Mas eu volto à
figura do homenageado.
Aqui há alguns dados do nosso homenageado, amigo
João Baltezan Ferreira: começa trabalhando desde piá, por assim dizer. Aos dez
anos, já pega firme no trabalho; mais ou menos aos dezesseis anos passa por
Cachoeira do Sul, onde fica um período, e lá em Caçapava, sua terra, monta a
sua primeira banca de revistas; lá é jornaleiro, e vem para Porto Alegre com
mais ou menos dezesseis anos, e aqui é admitido nas Emissoras Reunidas, a Rádio
Cultura de Porto Alegre; em 1954, cumpre o Serviço Militar em Bagé; em 1984, já
conta trinta e quatro anos de atividades nas referidas emissoras; em 1963,
assume a direção da Rádio Caçapava, em Caçapava do Sul; em 1964, assume a
direção da Sociedade Rádio Camaqüense Ltda., em Camaquã; em 1970, assume a
direção da Rádio Cultura de Santa Vitória do Palmar; em 1975, assume a direção
da Sociedade Rádio Cultura de Jaguarão Ltda., em Jaguarão; organiza a empresa
Gráfica Caçapava Ltda.; funda o jornal Gazeta
Regional em Camaquã, inaugura e assume a direção do Sistema Meridional de
Rádio Difusão Ltda; organiza a empresa de Integração Meridional FM Ltda., em
Jaguarão. Bem, tem, por assim dizer, uma atividade intensa.
Conheci o homenageado, o Baltezan, no nosso trato
cotidiano, no Colégio Rui Barbosa, onde estudávamos à noite. O Baltezan, com o
seu feitio de homem reservado, que se expressa e fala como se estivesse pesando
e medindo as palavras, no Colégio Rui Barbosa, era o nosso líder, diria até, um
professor, porque em torno dele acampávamos para ouvir as suas opiniões sobre
os mais diferentes assuntos. Lembro que, em 1961, houve a deposição de Jânio
Quadros, que foi um trauma nacional. Na minha opinião, o Baltezan tinha um
certo carinho pelo Jânio Quadros, mas ao homem culto, parece-me que não ao
político Jânio; tinha uma certa afeição pela maneira do Jânio, mais pela sua
ação como professor. Poucas pessoas sabem que o Jânio foi um grande professor
de Português. O Baltezan, quando estudávamos à noite, chegava na sala de aula e
começava a fazer uma certa imitação do Jânio, dizendo: “Fi-lo, porque qui-lo”,
naquele português... Então, o Baltezan era essa figura simpaticíssima,
envolvente, Presidente do Centro Acadêmico do Colégio Rui Barbosa, enfim, com
muita atividade. Aí ele começa... Nós cursamos aquele período difícil no Rui
Barbosa. Era essa figura envolvente, homem sério, solidário, capaz, competente,
estudioso, compenetrado. Aí os anos foram passando, e, vez por outra, a gente
se encontrava aqui, ali e acolá, e o Baltezan sempre envolvido nas mais
diferentes relações do cotidiano da cidade de Porto Alegre, dos seus problemas
e tocando a sua atividade aí pelo interior. Tanto é verdade, que o Baltezan fez
um pacto com Porto Alegre, o pacto da residência, do domicílio, e daqui não
sai, atua. É como os pássaros que voam e voltam à tarde para os ninhos, ele
assume a residência em Porto Alegre, sem deixar a sua Caçapava, o seu
sentimento e toda essa região. Pude, em alguma oportunidade, estar com o nosso
querido homenageado, João Baltezan, pois ele faz várias comemorações, e, em
algumas, tivemos a oportunidade de participar. As suas emissoras completando
meio século: Rádio Camaquã, se não me engano, Jaguarão; Caçapava, imaginem só,
emissoras varando meio século! Que relação fantástica, essas emissoras, que são
verdadeiros seres vivos com o seu meio, com a sua comunidade, com uma troca
permanente de relação, e nós sabemos o que representa uma emissora de rádio no
interior do Estado. É um veículo de permanente utilidade pública, dando avisos
à comunidade, chamando este ou aquele, passando informações do interesse da
comunidade. Aqui estão gerentes e diretores, que têm trinta, quarenta anos nas
suas rádios. Olhem que figura de líder com todos os seus auxiliares,
colaboradores, pessoas que têm décadas e décadas nas suas emissoras,
construindo exatamente essa atividade importante, que é a comunicação. Então, a
rádio me perguntava: “Como surge esse título?” E eu digo: Olha, muitos amigos,
principalmente caçapavenses, amigos meus de Caçapava, enfim, diziam que
tínhamos que homenagear essa figura magnífica do Baltezan, e eu respondia que
também achava que tínhamos de fazer. Com o Baltezan muito aprendi naqueles
períodos, e continuo aprendendo, porque ele é um homem culto, é um homem
afável, é um homem solidário. Então, os seus amigos disseram: “Olha, temos de
fazer uma homenagem para o Baltezan.” Num primeiro momento, levei: “Baltezan,
quem sabe uma homenagem para ti?” E ele: “Não, pára.” O Baltezan,
rigorosamente, não queria. Resistiu num primeiro momento, mas vai daqui, vai
dali, permitiu que se pudesse fazer esta homenagem. E quando a gente está te
homenageando, Baltezan, é o povo que está falando aqui, porque esta é uma Casa
onde se reflete, isto aqui é um mosaico ideológico; aqui se faz presente a
vontade da Cidade. E tenho dito: quando fala o Vereador, fala a Cidade. E fala
a Cidade até para agradecer pelo muito que fizeste, pela tua participação ativa
em nossa Cidade, além de estar participando da tua terra natal e, de resto, dos
Municípios onde tens as referidas rádios.
Então, é uma homenagem que se fazia imprescindível
que procedêssemos, porque estamos homenageando o Baltezan, mas estamos
homenageando Caçapava, sim, e por que não dizer Jaguarão, Santa Vitória do
Palmar e Camaquã? Porque o homem é isso, o homem não existe isolado. O homem é
uma energia conjunta que se relaciona com questões emocionais, materiais,
espirituais, etc. O homem é isso.
Então, quando se faz uma homenagem como a que
estamos fazendo hoje ao Baltezan, nós estamos homenageando todas aquelas
comunidades que estão nos assistindo lá nas suas atividades rurais. Então,
Baltezan, este é um resgate que nós estamos fazendo agora, porque uma das
formas e um dos instrumentos que possui esta Casa é exatamente este, de, em
determinados momentos, se reunir para prestar homenagem àqueles que têm dado
aos seus semelhantes, à sua cidade, etc. E dizia hoje, quando eu falava com o
Presidente do Conselho dos Cidadãos de Porto Alegre, Geraldo Stédile, lá na
ponta da Mesa: este é o Conselho mais importante que tem em Porto Alegre. Por
que ele é o mais importante? Ele é o mais importante, primeiro, por ser
representativo, democraticamente representativo, e expressar o colorido
político e ideológico da cidade de Porto Alegre. Então, aqui, se está fazendo
uma homenagem em nome da Cidade, buscando-se o resgate, porque, vejam, uma
pessoa que vem de outra querência, vem de outro pago, vem de outro rincão e
aqui se fixa e colabora, e aqui constrói e realiza, vejam que tem um
significado muito importante, até mais do que aqueles que, naturalmente,
nasceram aqui.
Então, olha a profundidade do Título de Cidadão
Honorário de Porto Alegre: conferir agradecimento, saudação àqueles que saem do
seu rincão, da sua terra, do seu Município, vão para outro lugar e ali
constroem para o interesse da comunidade.
Já me passei no tempo, Sr. Presidente. V. Ex.ª está
retribuindo a mim, neste momento, o que eu fiz a V. Ex.ª quando falava em
homenagem a um grande cidadão que homenageou no ano passado. V. Ex.ª, do alto
de sua elegância de homem da fronteira e do Quaraí, está me fazendo esta retribuição,
ao que sou muito agradecido.
Portanto, queremos encerrar esta homenagem e dizer,
Baltezan, que a teu respeito poderemos falar muito tempo, e te dar este meu
depoimento, que muitas vezes te fiz: foste para nós, num determinado período,
fundamental. Naquele período da Escola Rui Barbosa tu eras como um professor
nosso, e nós todos te escutando ali, e muitas vezes queríamos te contra-atacar,
mas ficávamos calados, presos ali, face ao teu empenho, a tua dedicação e a tua
sabedoria.
Então receba, Baltezan, esta homenagem. Receba, de
resto, Caçapava do Sul - Otomar Vivian -, também, a homenagem, porque estamos
homenageando o seu filho e os Municípios de Jaguarão, Camaquã e Santa Vitória
do Palmar, onde o João Baltezan Ferreira também lá está, permanentemente,
através da sua atividade, correndo para lá e para cá. Ele é um homem que não
pára, está sempre ativo. Não é fácil conduzir, da forma como conduzes, uma
atividade tão complexa e tão importante como é a radiodifusão. Com essas
palavras, nós queremos aqui consignar a nossa admiração, resgatar o pedidos dos
teus conterrâneos de Caçapava do Sul e dizer que este é um grande momento para
a Câmara Municipal de Porto Alegre, porque, como disse inicialmente, lá
naqueles municípios, através das rádios, ouviram o nome de Porto Alegre, desta
bela, magnífica e universal cidade que é Porto Alegre. Todos ouviram Porto
Alegre, a Câmara Municipal e a homenagem que ora se faz. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Cumprimento o Ver. Elói Guimarães pela brilhante
manifestação que fez. Ainda que desnecessário, saliento que ele falava por
quatro Bancadas e ainda como proponente, justificando-se plenamente o arranhão
regimental e a concessão de tempo especial, e também traduzindo um pensamento
da sua homenagem de ex-colega do nosso homenageado, o Sr. João Baltezan
Ferreira.
Eu quero devolver a presidência dos trabalhos ao
1.º Vice-Presidente da Casa, Ver. Elói Guimarães, declarando toda a minha honra
em ter presidido parte desta Sessão tão importante para o Legislativo da
Cidade. Muito obrigado.
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Retomo a direção dos trabalhos, saudando e
agradecendo ao Ver. Reginaldo Pujol.
O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra e
falará em nome do Partido Progressista.
O SR. PEDRO
AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente, Sr. Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) Realçar, ilustrar, delinear a silhueta de alguém,
em poucos minutos, num discurso, é pretensão arriscada e, às vezes, perigosa,
porque as características de uma criatura - o que fez ela na vida -, os sulcos
marcantes de sua personalidade, as rugas que leva no rosto, já no caminhar da
existência, o que amou e o que esqueceu - ah, o que esqueceu! -, talvez seja mais
importante do que amou, pertence a cada um
e deve ficar com cada um na enciclopédia dos seus sonhos.
Baltezan, nós nos conhecemos há décadas, há muito
tempo. O teu caminho de Compostela fizeste com teu bastão – não foi fácil, é
muito difícil, foi parecido com o meu e, por isso, nos identificamos -,
percorrendo pousadas, sob a luz das estrelas, como se faz em Compostela – nos
vinte e tantos dias de caminhada -, sozinho embarcaste de carona naquele
caminhão, em Caçapava. O que é que tinhas na cabeça? Só tu sabes.
Sem eira nem beira, uma mão na frente, outra
adiante, em Caçapava deixaste o pai sapateiro e a mãe, que foi tua estrela
guia. Tua mãe foi uma personalidade que te influenciou.
Nas madrugadas geladas de Caçapava, muito jornal
entregaste – como dizia Catulo da Paixão Cearense -, muito jornal entregaste
para teus assinantes, e ainda criança, porque devia ter uns dez, doze anos,
quatorze, se tanto. O que tinhas na cabeça? Não sei, só tu sabes.
Em
Porto Alegre, entraste ainda imberbe, sem o Serviço Militar, lá na pensão da
Tia Ofélia, né? (Risos.) A velha Ofélia. Como me afirmavas, Baltezan, - vais te
lembrar agora – “todo homem tem que ter um outro homem em sua vida”. Lembra
disso? Quem te disse isso foi Maurício Sirotsky Sobrinho. Pode ser uma mulher,
as mulheres estão competindo, agora, igual aos homens. Mas, ele ainda não
estava prevenido, não é? O Maurício dizia isso: “Todo homem precisa ter um
homem em sua vida”. É o que dá a mão! Quem não recebeu a mão aqui neste
Plenário? Eu recebi.
Frederico Arnaldo Ballvé te inspirou; Maurício
Sirotsky Sobrinho te abrigou. Gorrese, o meu amigo Gorrese - lembra-te do
Gorrese, amigo velho? Paschoal Gorrese, morreu solteiro, não é? Morreu solteiro
-, te deu um impulso na vida de radialista. Foram eles os pioneiros, sempre
reconheceste isso. O homem ou a mulher na vida de um homem. Abro agora para a
mulher, também, a possibilidade.
Acho que Maurício foi teu guia. Se um te iniciou em
Caçapava do Sul, o outro te abrigou em Passo Fundo, no seio da família. Acho
que foste o primeiro filho de Maurício. Nunca admitiste isso, mas acho que foi.
Teu valor pessoal, conheço há trinta ou mais anos. Inaugurei, como Deputado, a
Rádio Santa Vitória do Palmar, lembras? Lá pelos anos setenta, fui lá até com
certo sacrifício, fui pelo teu valor, aquele rapaz, o homem que chegava a Porto
Alegre, magro, escanzurrado, colecionava rádios como conta de colar.
O Advogado, o comunicador, Sargento de Cavalaria de
Bagé, tornara-se empresário.
Elói Guimarães escolheu-te para te enaltecer com o
Título de Cidadão de Porto Alegre. Ele sabe o que faz, é o nosso consultor para
assuntos constitucionais. Não diz a ele, não, porque ele está longe de ti, mas
ele é nosso consultor para assuntos de Constituição.
O garoto de Caçapava com um sonho na cabeça fizera
a proeza como formiguinha, com braços invisíveis, levantava diante de nós um
“tijolo”! Imaginem vocês, um tijolo erguido por uma formiga! Visualizem,
levantar um tijolo! Como se fosse possível a uma formiga levantar um tijolo!
Foi o que esse homem fez. Já imaginaram? Pois foi isso que esse magrinho fez.
Uma façanha, posso dizer, com a família que constituiu, conseguiu chegar onde
chegou. Não foi fácil, daquele caminhão até agora. Chegou a Porto Alegre “com o
pau-da-venta e o couro do espinhaço”, como dizem os nortistas. Olhando para
trás, são dez, doze, sei lá quantas estações de radiodifusão que você possui –
não me atrevo a dizer -, mas deve andar por aí; ou se você diminuiu, é por sua
conta. Comprou, dirigiu e percorreu diariamente através dessas estradas que
hoje em dia são melhores, até certo ponto, mas que não eram tão boas naquele
tempo. Lembro-me de Santa Vitória do Palmar. Pois bem, Sargento de Cavalaria,
em termos de caserna, você cumpriu a missão. Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra em nome
da Bancada do PFL.
O SR.
REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) A Casa do Povo de Porto Alegre, atendendo
ao que foi decidido pelo seu Plenário, unanimemente, deliberou esta homenagem,
outorgando, de forma definitiva, a João Baltezan Ferreira, o Título de Cidadão
Honorário de Porto Alegre. Realmente o Ver. Elói Guimarães, ao propor a
cidadania ao Sr. João Baltezan Ferreira, demonstrou não só a sua sensibilidade,
no que foi acompanhado pela integralidade da Casa, mas, sobretudo, mostrou a
forma com que um tipo de gente, que moureja nesta cidade de Porto Alegre,
autoproclama-se e se auto-reconhece entre si. Sabe bem a Ver.ª Margarete
Moraes, pois, há poucos dias, homenageávamos um certo cidadão que veio do outro
lado do mar para aqui em Porto Alegre plantar raízes, que aqui veio fundear a
sua âncora. E nós todos, ao fazermos aquela homenagem, desfilamos comentários a
respeito das origens díspares da quase totalidade dos integrantes da Casa. O
Sr. João Baltezan Ferreira, quando o Ver. Elói Guimarães apresenta sua
biografia, é quase um retrato fiel de vários gaúchos que provieram de vários
cantos do Estado e que, aqui, enfrentaram a luta e conseguiram-se impor dentro
de uma Cidade que é aberta, que é solidária, que faculta sempre oportunidades
para aqueles que para cá acorrem com o propósito de superar obstáculos, de
vencer etapas e de conseguir realizações.
Eu sou um privilegiado e o meu particular amigo
Palmeiro da Fontoura, que se encontra aqui entre nós, sabe das razões desse
privilégio. Conheci o novo Cidadão Honorífico de Porto Alegre num prédio que só
continua a existir ainda no meu imaginário, ali na esquina da Rua General
Câmara, nos altos do velho “Coroa”, lá na sede do glorioso Partido Libertador,
esse bravo maragato, junto com o Palmeiro da Fontoura. Era jovem, um pouco mais
jovem do que o então jovem Baltezan, que já estudava no Colégio Rui Barbosa, já
conhecia o Elói Guimarães, já admirava Jânio Quadros, já pugnava por um novo
Brasil, já queria um Brasil socialmente justo, economicamente livre,
politicamente soberano, culturalmente desenvolvido e professava, com a sua
paixão maragata, com o seu lenço vermelho, os credos parlamentaristas, nos
quais nós, desde aquela época, já acreditávamos.
Hoje esse privilégio, Jacinto, aumenta, vem um
filho de Caçapava que conseguiu fazer a proeza de juntar, pelo matrimônio,
Caçapava e Santa Vitória do Palmar, os campos neutrais e aquela terra
maravilhosa onde Alvino Góes nos ensinava, Ver. Elói Guimarães, que os obreiros
tiravam do fundo da terra a soberania e a riqueza nacional.
Aquela terra de heróis. Essa terra de heróis, a tão
proclamada Caçapava se une a Santa Vitória, para que se constitua uma família
radicada e enraizada aqui na cidade de Porto Alegre, esta Cidade que te acolheu
e que tem orgulho em te ver proclamado seu filho ilustre, que define, pela Lei,
aquilo que tu tinhas definido pela opção, porque, sem trair a tua Caçapava, sem
abjurar as raízes da tua família em Santa Vitória do Palmar, a tua esposa, aqui
criaste os filhos, aqui educaste os filhos e aqui construíste uma tradição de
respeito e de consideração.
Por isso quero dizer a quantos nos ouvem nesta
hora, na Caçapava, em Santa Vitória, em Camaquã, enfim, em Porto Alegre, no Rio
Grande, como um todo: nós temos um orgulho muito grande em entregar ao Dr.
Geraldo Stédile, Presidente do Conselho de Cidadãos Honorários, um exemplo da
nossa geração. Se é verdade que, de certa forma, entristece-nos saber que não
somos mais os jovens militantes dos partidos políticos da época, orgulha-nos
saber que da nossa militância resultaram homens da qualidade e do quilate do
Sr. João Baltezan Ferreira. Por isso, quero, com toda a tranqüilidade, dizer,
Presidente Elói Guimarães: não temos de agradecer, de modo nenhum, a quem quer
que tenha colaborado para que este fato, hoje, aqui, se realizasse. Porto
Alegre é que tem de reconhecer, no Sr. João Baltezan Ferreira, um homem que
aproveitou as oportunidades, que teve retidão de propósitos, que teve a sua
vida predestinada, iluminado pelo apoio de várias pessoas, como ele,
emocionadamente, relembra, mas que, sobretudo, soube, pela persistência, pela
pertinácia, com o apoio da família, da mulher, dos filhos, construir esse
grande patrimônio, o patrimônio moral que lhe permitiu receber de toda esta
Câmara, por unanimidade, o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre. Nós te
agradecemos, Baltezan, pelo exemplo que nos proporcionas e nós podemos passar
para os próximos que a nossa geração teve, sim, um homem do porte de João
Baltezan Ferreira, que, com justiça, é, doravante, pela Lei, Cidadão de Porto
Alegre! (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra e falará em
nome do PDT e do PPS.
O SR. ISAAC
AINHORN: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu confesso que, num primeiro
momento, eu tinha deferido ao meu colega Elói Guimarães, autor da iniciativa, a
condição de falar em nome do meu Partido, o PDT; no entanto, as circunstâncias
fizeram-me refletir no sentido de que, na condição de Líder da Bancada de um
Partido que não o do homenageado, mas que se constitui numa das vertentes do
pensamento da sociedade rio-grandense, o trabalhismo, o PDT, eu não poderia,
nesta oportunidade, deixar de fazer a minha manifestação, em meu nome e em nome
dos meus companheiros de Bancada. Da mesma forma, falo também em nome da
Bancada do PPS, por solicitação do seu Líder, Ver. Wilton Araújo.
Há um fato extremamente curioso. Baltezan, veja
que, neste momento, tu estás sendo homenageado - e temos aqui os nossos
Deputados Estaduais Otomar Vivian e Paulo Azeredo - e, se nós começarmos a
fazer uma avaliação aqui a respeito das pessoas que compõem o contexto da
cidade de Porto Alegre, curiosamente, nós observamos que, inclusive entre os
Vereadores, poucos são de Porto Alegre. Aqui está o nosso Reginaldo Pujol, que
já é, também, outro porto-alegrense emérito, que optou definitivamente por
Porto Alegre, com toda essa sua história enraizada na cidade de Porto Alegre. É
tão enraizada a história do Reginaldo Pujol, que ele teima em ir para foros
maiores, mas a população de Porto Alegre exige sua manutenção e o segura aqui
em Porto Alegre, e ele é bom de voto, Deputado Otomar Vivian. Da mesma maneira
o nosso “carioquíssimo” Pedro Américo Leal, Vereador que já foi Deputado
Estadual, e que enriquece, Paulo Azeredo, esta Casa, com a sua sabedoria, com a
sua experiência, e é outra figura integrada ao nosso Plenário. A Ver.ª
Margarete Moraes, durante anos Secretária de Cultura, é jovem, e eu até
perguntei: Vereadora, a senhora não vai falar? Ela disse: “Não, eu estou
olhando vocês, aqui, na experiência da história de Vereadores na cidade de
Porto Alegre.” E já é brilhante, aqui nesta Casa, a Ver.ª Margarete Moraes, com
as contribuições que tem dado e com a sua sensibilidade de fazer o processo
permanente de diálogo. Então, dentro dessa ótica, eu acho que o Ver. Elói
Guimarães foi muito feliz, ele teve essa compreensão e essa sensibilidade de
prestar esta homenagem, aqui, que é uma homenagem simples. Nós estamos
homenageando nossa Caçapava, nós estamos homenageando nossa Santa Vitória, nós
estamos homenageando nossa Jaguarão, nossa Camaquã. Então, na tua figura, eu
acho que nós estamos prestando esse reconhecimento, e a Câmara de Vereadores de
Porto Alegre é, indiscutivelmente, esse eixo irradiador.
Eu sou porto-alegrense - e é raro, aqui, nesta
Casa, é raro. O Ver. João Antonio Dib é de Vacaria, e assim vai. Eu sou
porto-alegrense de primeira geração de imigrantes que vieram para cá, vítimas
de perseguições, de sofrimentos, de adversidades. Sou da primeira geração e sou
porto-alegrense nato. E, aqui, no seio da nossa querida Porto Alegre, o que nós
identificamos? Encontram-se as comunidades de Santa Vitória, de Camaquã, de
Jaguarão, de Caçapava, todos têm o seu grupo organizado, e nós freqüentamos
esses grupos, até porque são bases muito significativas de representação da
sociedade porto-alegrense e de interação com o conjunto da sociedade
rio-grandense. Eu mesmo, porto-alegrense, sou casado com uma “pêlo duro” – como
se diz no nosso jargão lá de Caçapava – , que tem suas raízes na cidade de Camaquã,
por um lado, o materno, e, pelo lado paterno, na Cidade de São Borja. Camaquã
teve o avô da minha esposa como Prefeito, com representação política na cidade
de Camaquã.
Então, sinto-me muito à vontade, neste momento, de
fazer este reconhecimento a ti, a tua família, porque com toda essa estrutura
de empresas que tens no interior do Estado, como disse o Ver. Elói Guimarães,
com muita propriedade: Tu sentaste raízes em Porto Alegre e daqui desenvolves a
tua atividade, sem prejuízo dessas rádios. É que a rádio é o maior veículo de
comunicação; por mais que avance a tecnologia, nada supera, Ver. Pedro Américo
Leal, a rádio. E isso já compreendeu um dos sábios do conhecimento, da
pesquisa, do saber, que é Woody Allen, quando escreveu a Era do Rádio. Não existe
nada igual. E não te conhecendo, quando observo a tua opção pelo rádio em
quatro cidades, criando uma estrutura de rádio, sei que sabes que a informação
comunitária se busca na rádio local. Não adianta. Nós ouvimos lá a rádio de
Camaquã, a rádio de Caçapava, a rádio de São Borja. A rádio tem essa natureza
local, e a natureza, também, da instantaneidade.
Então, o Legislativo de Porto Alegre, quando te
outorgou, por iniciativa do nosso querido Ver. Elói Guimarães, o Título de
Cidadão de Porto Alegre, Cidadão Emérito de Porto Alegre - e esse Projeto é uma
Lei Municipal, teve a sanção do Sr. Prefeito da Cidade de Porto Alegre - foi em
reconhecimento à tua figura, a tudo que tu representas, às opções que tu
fizestes por Porto Alegre, aos teus trabalhos, à tua história. E nós, da minha
vertente de pensamento, sentimo-nos exultantes de estar aqui. E veja um
companheiro nosso de grei partidária, o Deputado Estadual Paulo Azeredo, aí
presente, participando e integrado, e certamente, como não poderia deixar de ser,
as tuas rádios são rádios plurais, é uma concessão de um serviço público e tu
ofereces para todas as correntes de pensamento o espaço importante da
comunicação dos homens públicos da nossa terra com as comunidades locais. E dos
homens públicos daquela região com as suas comunidades, transmitindo o
cotidiano da nossa vida, seja na cidade, seja de outro Estado e do País.
Portanto, era esta a mensagem que em nome do meu
Partido, o PDT, e do PPS queria transmitir a ti, Baltezan, como reconhecimento
à tua história, ao teu trabalho, e nos sentimos extremamente privilegiados e
honrados de ter em ti o mais novo Cidadão Emérito da Cidade de Porto Alegre.
Parabéns, honra também este Legislativo Municipal e o Ver. Elói Guimarães,
autor desta iniciativa. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Produzidos os pronunciamentos de saudação da Casa,
agora vamos passar para a fase alta, por assim dizer, da solenidade, que é a
entrega do Título de Cidadão ao homenageado, João Baltezan Ferreira, que, nas
regras da Casa, é feito pelo proponente da homenagem. Queremos, para a entrega
da Medalha, convidar o ilustre Desembargador Cacildo Xavier, que, durante anos,
foi Juiz na Cidade natal do homenageado, Caçapava do Sul. Pediria que o Dr.
Cacildo passasse à mesa; também pediria aos familiares do Baltezan que viessem
aqui à mesa, para solenizar a entrega do Título e das Medalhas.
(Procede-se à entrega do Título e da Medalha.)
(Palmas.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Neste momento, convidamos o nosso homenageado, o
Sr. João Baltezan Ferreira, para fazer uso da palavra.
O SR. JOÃO
BALTEZAN FERREIRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) Compareço a esta Casa, dignos senhores
representantes do povo desta Cidade, para receber o honroso Título Honorífico
de Cidadão de Porto Alegre, por proposição do ilustre Ver. Elói Guimarães,
concessão esta que recebeu o apoio de V. Ex.ªs.
Recebo
essa honraria com muita emoção e posso-vos assegurar que vivo, assim,
juntamente com meus familiares, um momento ímpar, inesquecível e feliz de minha
vida.
Neste momento, permitam-me um depoimento. Quero
abrir o livro de minha modesta, mas honrada vida. Recordar fatos do passado,
nesta gloriosa cidade de Porto Alegre, a quem tudo devo, pois aqui cheguei há
cinqüenta e três anos, muito jovem, contando apenas com a vontade de vencer, de
ser alguém e, principalmente, de corresponder à confiança de meus pais.
Já vai longe, no tempo e em minha memória, o ano de
1949, quando um jovem de dezesseis anos deixou sua terra natal, a brava,
acolhedora e histórica Caçapava do Sul, viajando de carona num caminhão de
transporte, veio, embalado por sonhos e mil esperanças, enfrentar a grande
Cidade, a Capital do Estado, centro de atração de milhares de gaúchos do
interior, de modo muito especial da geração daquela época.
O motivo da viagem era a necessidade da busca de
novos horizontes, ou seja, poder trabalhar, poder estudar.
Meu pai Cezário Alves Ferreira, chamado pelos
amigos e familiares por Zarico, era um modesto sapateiro, um verdadeiro
artesão, que fazia botas que duravam anos a fio, e trabalhava duro para poder
manter a família de três filhos. De meu pai não recebi nenhuma herança de bens
materiais, mas isto sim, recebi o exemplo de uma vida dedicada ao trabalho e à
família e que tinha por princípios básicos honrar os compromissos assumidos, a
lealdade e sinceridade às amizades.
Já aos dez anos me dedicava a pequenos trabalhos,
como vender pão e rapadura de amendoim, que minha avó, mulher de alma forte e
coração bondoso, fazia com esmero e por estrita necessidade de ajudar o marido,
meu avô, de profissão carreteiro, das primeiras profissões e atividades da
velha tradição do Rio Grande antigo.
Recordo com muita emoção o período em que trabalhei
na tipografia fundada por Manoel Carvalho de Portela, destacado jornalista de
Cachoeira do Sul e fundador, juntamente com o ilustre caçapavano Dr. Alter
Cintra de Oliveira, do jornal Folha do
Sul, que circulou por aproximadamente cinqüenta anos. Fui o seu primeiro
jornaleiro e, no inverno, enquanto a Cidade ainda dormia, lá ia eu nas
madrugadas geladas de Caçapava, pois tinha missão de entregar o jornal para os
assinantes. Dessa forma, aos doze anos, tive o meu primeiro contato com a imprensa,
da qual nunca mais me afastei, continuando até a presente data. Não posso
deixar de registrar que, nessa ocasião, organizei a primeira banca de revistas
da nossa Cidade, sendo que as revistas vinham de Cachoeira do Sul por ônibus,
fornecidas por Abrão Federbusch, que, inicialmente, muito relutou em me
fornecê-las, tendo em vista os meus poucos anos de vida. Assim, aos doze anos
de idade, transformei-me em microempresário, assumindo, dessa forma, as
primeiras responsabilidades de minha vida. Em 1950, já em Porto Alegre, morando
na pensão de minha tia Ofélia, a quem devo o apoio de me receber, de me abrigar
e de me alimentar, pensão essa localizada na Av. Osvaldo Aranha, consegui, por
diligência própria, o meu primeiro emprego nas oficinas da Gráfica Schapp, a
segunda maior empresa do ramo, depois da Livraria do Globo. Evoco com emoção a
memória dessa tia, coração magnânimo, personalidade generosa e, ao mesmo tempo,
forte, bem como do seu esposo Osmar Gayer, que muito contribuiu para o meu
bem-estar. Não posso deixar de relembrar o valioso auxílio que recebi da também
minha tia Elisa Baltezan e de seu marido, o saudoso Luiz Corrêa da Silva, a
quem eu chamava carinhosamente de tio Luiz. Felizmente, para a minha sorte,
logo em seguida, graças a Tito Guerra Martins, hóspede da pensão onde morava,
vim a conseguir o emprego que viria a ter muita influência em minha vida,
praticamente definindo o meu futuro. Assim, na condição de office boy, fui admitido nas Emissoras Reunidas Rádio Cultura
Ltda., empresa fundada pelo saudoso homem do rádio gaúcho, Arnaldo Ballvé.
Diante de meus olhos, abria-se um novo mundo, não obstante minha modesta
condição de office boy, termo que eu,
até então, desconhecia. Emissoras Reunidas era a empresa que administrava
várias emissoras de radiodifusão espalhadas pelo interior de nosso Estado.
Finalmente, alcançava o objetivo maior de minha vinda de Caçapava do Sul para
Porto Alegre: trabalhava e estudava. Sem poder bem avaliar, estava iniciando
minha caminhada em Porto Alegre, jornada essa que já dura mais de cinqüenta e
três anos, tempo em que organizei a minha família, construí minha família,
ampliei os horizontes de minha existência, vivi dias e momentos felizes nesta
Cidade que me acolheu, deu-me oportunidade, proporcionou a concretização de
meus ideais.
Matriculei-me no Colégio Rui Barbosa, ali na Av. Osvaldo Aranha,
onde hoje é a entrada do túnel. O Colégio Rui Barbosa, na época, era um
estabelecimento que tinha reconhecimento oficial, que mantinha o curso noturno,
oportunidade única para os jovens pobres que trabalhavam durante o dia e
estudavam à noite, e assim se habilitavam a um diploma mais tarde. Fiz os
estudos preparatórios ao ginásio, uma espécie de vestibular e, mais tarde, o
curso Clássico com duração de três anos, também à noite. Ao todo, estudei oito
anos à noite. No Clássico, tive o prazer de ter como colega de aula o estudante
Elói Guimarães, reservado e participativo de tudo o que dizia respeito ao nosso
mundo estudantil. Ali no Colégio Rui Barbosa, iniciava-se uma amizade de dois
jovens que sonhavam com dias melhores, amizade essa que muito me honra, amizade
que perdurou incólume aos embates e vicissitudes da vida e perdura, para minha
alegria e felicidade, até os dias de hoje.
No ano de 1953, cumpri meu compromisso para com o
nosso Exército, designado que fui para o então 12.º Regimento de Cavalaria da
cidade de Bagé, nossa Rainha da Fronteira. Promovido a Cabo e apto à promoção
de 3.º Sargento da Reserva, deixei a comunidade militar em 1954, tendo ficado
alojado no mesmo local que meu pai, há trinta anos, esteve. Foi, posso-vos
assegurar, um período muito feliz da minha vida.
Não posso deixar de registrar o que representou em
minha vida a permanência nas Emissoras Reunidas Rádio Cultura Ltda., durante os
trinta e quatro anos que trabalhei nesta organização. Foi graças a essa longa
convivência que me envolvi profundamente com a Radiodifusão, da qual, até a
data de hoje, não me afastei. Ali no escritório das Reunidas, vim a conhecer e
me tornar amigo de um outro jovem, recém-chegado de Passo Fundo, também animado
por muitos sonhos e planos. Assim conheci Maurício Sirotsky Sobrinho, primeiro
gerente da Rádio Passo Fundo. Lembro-me que auxiliava o Maurício a entregar
propostas de publicidade nas firmas, tudo iniciativa dele, que logo mostrou a
que vinha, pois chegou para vencer, como, de fato, tornou-se um vencedor.
Lembro também de dois fatos de sua personalidade. Logo depois de seu casamento,
convidou-me para passar alguns tempos em sua casa, o que aceitei, pois morava em
uma pensão, e o dinheiro era curto para pagar meus estudos. À noite, o Maurício
esperava que eu chegasse do colégio e oferecia-me um lanche. Anos depois, em um
encontro nas Lojas Renner, estabelecemos o seguinte diálogo: “Maurício, quero
convidar-te para o aniversário da Rádio Caçapava no mês de maio.” Convite que
aceitou de imediato, apenas pedindo para passar na RBS a fim de agendarmos a
data. Ao nos despedirmos disse-lhe: “Maurício, tu és um predestinado.” Ao que
me respondeu: “E tu, Baltezan, és um guerreiro, por isso que aceitei o
convite.” Infelizmente o Maurício não pôde ir a Caçapava, pois a doença foi
mais forte.
Como esquecer, nesse momento, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, daqueles que tanto me ajudaram nessa travessia de trabalho, de
persistência e de fé. Assim, evoco a memória de Arnaldo Ballvé, chefe, líder,
homem de larga visão, que descobriu pioneiramente e percebeu a importância do
rádio em nosso Estado. Paulo Amaro Salgado, Adeodato Rodrigues Araújo e, muito
especialmente, Hugo Vítor Ferlauto, não apenas o chefe, mas o amigo e
incentivador de todas as horas.
Também me recordo de Frederico Arnaldo Ballvé,
diretor por longos anos da empresa. Declino o nome de um amigo que muito me
incentivou, muito me prestigiou, viabilizando, com o seu apoio, minhas
iniciativas. Refiro-me ao destacado empresário rio-grandense, homem de larga
visão, de muita sensibilidade humana, de sólidos conhecimentos acadêmicos, o
Dr. José Zamprogna, a quem muito deve o Rio Grande do Sul.
Guindado a Diretor do Departamento de Relações
Públicas, juntamente com o meu velho amigo Vitor Hugo Ferlauto, que me honra
com a sua presença, ampliei minhas relações profissionais e pessoais em vários
Municípios onde a empresa possuía uma emissora. Foi um período fecundo, rico de
realizações, de novas conquistas e vitórias na área profissional.
Graças a uma decisão pessoal do saudoso Dr.
Paschoal Gorrese, seu fundador, assumiu, em 1963, a direção da Rádio Caçapava,
a emissora de minha terra natal, o que representou um acontecimento marcante e
decisivo em minha vida. Somente muitos anos depois, assumi o controle acionário
da emissora. Estava assim iniciando uma jornada que me levaria a outros
empreendimentos na área das comunicações. Sou eternamente reconhecido ao Dr.
Gorrese, que confiou a mim sua emissora e foi meu amigo em todos os momentos
durante sua brilhante, edificante e exemplar existência.
Na reflexão que faço dos dias pretéritos, evoco a
data de 25 de maio de 1964, quando, na Igreja Matriz da distante, mas
acolhedora, cidade de Santa Vitória do Palmar, casei com Odaléa Mendonça, minha
querida esposa, companheira fiel dos bons e dos maus momentos, convívio
harmonioso e feliz já há quase quarenta anos. O que consegui fazer, meus
amigos, e o que foi feito, tudo, devo a essa companheira firme, que nunca
vacilou e que me deu indispensável apoio e compreensão em todos os momentos.
E assim formamos nossa família, com o nascimento
das filhas Luciane, que estudou no Colégio Rio Branco, mais tarde, no Júlio de
Castilhos e, posteriormente, no Curso de Medicina da PUC; Fabiane, que estudou
no Colégio Rio Branco, Júlio de Castilhos, Universidade de Santa Maria e
doutorado na Alemanha, juntamente com o seu marido, Dr. Guilherme Borch, união
de onde nasceu nosso netinho, o querido Bernado. Leticie, que estudou no
Colégio Rio Branco, Júlio de Castilhos, conclusão do curso de Física, com
Mestrado na UFRGS e agora, após período de estudos na França, prepara-se para
defender sua tese de conclusão de Doutorado.
Como esquecer de nossa netinha Bibiane, muito
aplicada em seus estudos no Colégio Leonardo da Vinci.
Foi em 1964, Sr. Presidente, que assumi a direção
da Sociedade Rádio Camaqüense, na cidade de Camaquã.
Em 1969, após vários anos de estudos, consegui
concluir o curso de Bacharel em Direito na Universidade de Passo Fundo. Foi,
sem dúvida, meus amigos, uma das etapas mais importantes de minha vida.
Em 1970, assumi a direção da Rádio Cultura de Santa
Vitória do Palmar, na cidade de Santa Vitória do Palmar.
Em 1975, assumi a direção do controle acionário da
Sociedade Rádio Cultura de Jaguarão, na cidade de Jaguarão.
Em 1976, juntamente com o irmão Paulo Baltezan
Ferreira, organizei a Empresa Gráfica Caçapava Ltda, na cidade de Caçapava do
Sul.
Em 1986, juntamente com o companheiro Luiz Renato
Barboza, organizei o jornal Gazeta
Regional, na cidade de Camaquã.
Em 1988, inauguro e assumo a direção do Sistema
Meridional de Radiodifusão, emissora de FM, na cidade de Camaquã.
Em 1991, organizei e assumi a direção da Empresa de
Integração Meridional FM, na cidade de Jaguarão.
Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães, Srs.
Vereadores, meus amigos que aqui me honram com sua presença, amigos que vieram
de tão longe dar o testemunho de sua amizade, trazendo o abraço fraterno, eis a
síntese de uma existência, o roteiro de uma vida que não apresenta nada de
brilhante, nada de notável ou que tenha exigido algum talento, mas que foi
balizada, sempre, isso posso-vos garantir, pelo desejo de superar dificuldades
e de avançar rumo ao futuro e, acima de tudo, de ser alguém, jornada que foi
marcada pelo trabalho, caracterizada pela infinita paciência e sustentada pela
fé em Deus e nos princípios da boa-fé e da honestidade.
Não posso esquecer o apoio e a participação de
amigos queridos que tanto me ajudaram e colaboraram durante todos esses anos,
como Favorino Chaves Dias, Dr. Adair da Rosa Paz, Luiz Renato Barboza, Fernando
Delamar Catarino, Paulo Celso Ferreira Machado, Rubayar Leitzke, e uma
homenagem que faço, muito emocionado, à memória da saudosa Osvaldina Barbosa Silveira.
Minha saudação e minha homenagem ao Ver. Pedro
Américo Leal; amizade de aproximadamente quarenta anos, Vereador, homem público
que prima pela autenticidade, que sempre teve uma trajetória retilínea, sem
desvios de conduta, ex-Deputado Estadual, que sempre soube honrar e dignificar
a sua condição de homem público e militar, ostentando, em todas as
circunstâncias, com garbo e honra, a sua farda, cumprindo, sempre com
determinação e acentuada honestidade, sua missão de cidadão e de patriota.
Saúdo e cumprimento o Ver. Reginaldo Pujol, amizade, também, de aproximadamente
quarenta anos. Amigo que acompanho desde os tempos dos bancos escolares, que
estudou, também, no Colégio Rui Barbosa, homem público que se firmou junto às
lideranças estudantis, que sempre mereceu o sufrágio nas urnas, mercê de sua
conduta, da transparência de seus atos, do empenho e do permanente trabalho
como Vereador na busca de soluções dos problemas que angustiam a população de
Porto Alegre, firmando-se, ao longo de sua vida pública, como um líder e um
legítimo defensor do povo desta Cidade que, em várias legislaturas, o reelegeu,
Cidade esta que todos nós amamos. Ao Ver. Isaac Ainhorn, também, a minha
manifestação de reconhecimento, eu, que tenho o prazer de encontrá-lo pela
primeira vez. Ao término de minhas palavras - distintos amigos, integrantes da
Mesa, todos os que me ouvem, todos os presentes, todos que vieram de tão longe
trazer o seu abraço - lá da distante Santa Vitória do Palmar - aqui estão os
amigos de Jaguarão, de Camaquã, da minha terra natal Caçapava do Sul -, as
pessoas que, aqui, estão presentes - eu tenho medo de nominar alguém e esquecer
outros -, desejo manifestar ao estimado e querido amigo Ver. Elói Guimarães,
autor da proposição, a esta Casa, pela concessão do Título de Cidadão de Porto
Alegre, o meu profundo reconhecimento. Sei bem que falou mais alto, Ver. Elói
Guimarães, a estima e a amizade que nos une do que os possíveis méritos de
minha pessoa. Desejo, entretanto, ao saudar o Ver. Elói Guimarães - que subiu os
degraus de sua honrada vida pública passo a passo - saudar o estudante aplicado
que trabalhava duro durante o dia e, à noite, cansado, mas corajoso e
determinado, lá estava, no Colégio Rui Barbosa, em busca de uma vida melhor e
mais digna para si. Saúdo a quem se conservou íntegro, a quem buscou os
caminhos da vida pública por vocação, a quem se manteve, rigorosamente, honesto
e que, sempre, durante tantos anos, soube honrar o voto de milhares de
porto-alegrenses, reelegendo-se várias vezes, que defendeu, defende e, temos
certeza, continuará a defender o povo desta Cidade, aqui, na Câmara, e em
outras instâncias de sua brilhante vida pública.
Seu gesto, ao propor a esta colenda Câmara meu nome
para receber esta verdadeira consagração pública, este título que excede em
muito meus possíveis méritos, mas que me traz muita felicidade, a mim e a minha
família, por outro lado, aumenta o peso da minha responsabilidade de continuar
fiel e dedicado a nossa querida e gloriosa cidade de Porto Alegre, mãe
generosa, pátria de todos aqueles que sonham com uma vida melhor, astro solar a
irradiar sua luz pelos caminhos de nossas existências, urbe cosmopolita que
está em nossas consciências e cujas raízes afetivas mergulham fundo em nossos
corações.
Ver. Elói Guimarães, meu profundo reconhecimento e
a certeza que lhe dou é de que, aqui em Porto Alegre, vivi os dias mais felizes
de minha vida, aqui travei o bom combate, aqui enfrentei todas as vicissitudes,
aqui construi minha família, aqui, finalmente espero permanecer até os últimos
dias de minha existência.
Finalmente, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, amigos
e amigas que me honram com suas presenças, desejo dizer que não teria encetado
minha viagem a Porto Alegre e nada do que relatei teria acontecido se não
tivesse recebido o incentivo, o apoio daquela que foi meu anjo protetor e que
sempre me deu todo o apoio durante toda sua luminosa existência: minha mãe,
Florisbela Baltezan Ferreira... (Palmas.) a quem tudo devo e que durante toda
sua vida me apontou o caminho do dever, o caminho da responsabilidade, o
caminho do bem e o caminho da luz.
Recolho, Sr. Presidente, com humildade esta
homenagem inesquecível que recebo aqui nesta Casa, onde estão os legítimos
guardiões da vontade do povo de Porto Alegre, evocando, pensando e elevando meu
pensamento numa prece à memória de minha querida e saudosa mãe. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convidamos todos os presentes a ouvir a Hino
Rio-Grandense.
(Ouve-se o Hino Rio-Grandense.)
Não podemos encerrar a presente Sessão sem antes
deixar de agradecer a todos os presentes: autoridades municipais dos Municípios
já mencionados, enfim, lideranças regionais e a todos que, das nossas plagas,
aqui estiveram prestigiando este ato de resgate a uma das figuras da nossa
Cidade e de, resto, do Estado, que é o nosso querido homenageado João Baltezan
Ferreira.
Portanto, a todos os presentes o nosso profundo
agradecimento pelo comparecimento.
Estão encerrados os trabalhos. Obrigado.
(Encerra-se a Sessão às 17h.)
* * * * *